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TRUCULÊNCIA

Na data dos 48 anos do golpe militar argentino, Milei nega que houve ditadura no país

O almirante Emilio Massera e o general Jorge Videla (da esq. para a dir.), ditadores do golpe militar argentino

23 de março de 2024 - 11h08

Por Lúcia Rodrigues

Assim como Bolsonaro fez durante seu mandato, o presidente da Argentina, Javier Milei, irá negar que houve uma ditadura militar em seu país, neste domingo, 24, data em que o golpe das Forças Armadas completa 48 anos.

A mídia argentina antecipa que o líder da extrema direita vai exibir um vídeo nas redes sociais em que reforça a tese dos dois demônios, equiparando vítimas da repressão militar a seus algozes.

Para ele, houve uma guerra entre militares e guerrilheiros que combatiam o regime.

Milei também contesta o número de 30 mil mortos e desaparecidos pela ditadura argentina entre os anos de 1976 e 1983.

A vice-presidente, Victoria Villarruel, filha, sobrinha e neta de militares, já se referiu às Mães da Praça de Maio, que lutam por justiça para os filhos mortos e desaparecidos, como “mães terroristas”.

Ela também já declarou que quer desalojar o memorial em homenagem às vítimas da ditadura que funciona no espaço da antiga Esma, a Escola Mecânica da Armada, principal centro de tortura e extermínio de presos políticos durante os Anos de Chumbo na Argentina.

O centro em memória aos que tombaram na luta contra a ditadura foi declarado patrimônio mundial pela Unesco no ano passado.

Fachada da antiga Esma com fotos de mortos e desaparecidos políticos da ditadura militar

Villarruel e Milei ganharam projeção política quando se tornaram deputados em 2021.  A declaração dela ao tomar posse no Parlamento foi: “Pelas vítimas do terrorismo”.

O governo fez circular recentemente a informação de que poderia indultar os assassinos e torturadores que agiram na ditadura.

Mas o órgão de justiça responsável por essa esfera já antecipou que por lei, crimes de lesa humanidade não podem ser anistiados.

Luta na rua

A inflexão na política da Casa Rosada não arrefeceu o ânimo das Mães e Avós da Praça de Maio na busca por justiça para os familiares vítimas da ditadura militar.

Elas preparam para este domingo, 24, uma mega manifestação em protesto contra os 48 anos do golpe militar e o governo de Milei e Villarruel, que jogou milhões de argentinos na miséria com sua política econômica.

A passeata, que vai percorrer as principais vias de Buenos Aires e terminar em frente à Casa Rosada, na Praça de Maio, terá a adesão das duas centrais sindicais, CGT e CTA, além de diversos movimentos sociais.

O governo determinou à mídia pública que não emita nenhum informe sobre a manifestação e sobre governadores opositores, como o de Buenos Aires, Axel Kicillof.

Ataques fascistas

O governo de extrema direita também trouxe de volta a insegurança para militantes políticos.

No início do mês, uma jovem ativista de direitos humanos, filha de desaparecido político, sofreu um atentado com violência sexual dentro de sua casa.

Os dois agressores que invadiram o imóvel disseram que não eram assaltantes e que pretendiam matá-la.

Ao irem embora levaram documentos  do Hijos, entidade que representa filhos de perseguidos políticos e da qual a jovem é integrante, e escreveram na parede a sigla VLLC, acrônimo de “Viva La Libertad, Carajo”,  palavra de ordem de Milei.

A Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia divulgou nota de repúdio contra o atentado político.

A editora Marea, que publica livros sobre direitos humanos, também sofreu um ataque da extrema direita com mais de 800 mensagens de ódio.

E Estela Carlotto, líder das Avós da Praça de Maio, denuncia que seu telefone está sendo monitorado.

 


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