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CRIME DE LESA-PÁTRIA

Privatização da Petrobras vai dolarizar preços de produtos e serviços no Brasil

27 de junho de 2022 - 13h43

​Se privatiz​​ar a Petrobras, você vai pagar tudo eternamente em dólar. Que tal?

 

Por Roseli Faria e Max Maciel

O que aconteceria se a Petrobras fosse privatizada? Simples. Ela seria arrematada por uma outra petroleira. Tornaria-se patrimônio ou de uma Shell, Exxon Mobil ou de alguma petroleira estatal de outro país, como a norueguesa Statoil, como a chinesa PetroChina ou alguma outra.

Mas a consequência mais grave não seria essa. Seria a de que você passaria a pagar eternamente em dólar, por tudo o que você consome ou gostaria de consumir da empresa. Dos combustíveis ao gás de cozinha; do transporte individual e coletivo aos produtos de supermercado, todos eles trazidos de caminhão (em alguns lugares, por avião). Seria o mesmo com o frete das mercadorias que você recebe por “delivery“, como já é hoje.

Privatizar a Petrobras significaria transformar em maldição permanente o desastre da política de “paridade de preços de importação” (PPI) – traduzindo, a dolarização do preço que você paga para tentar encher o tanque ou cozinhar seu almoço.

A dolarização dos preços dos combustíveis e do gás também desempregou ou precarizou ainda mais a vida de milhões de motoristas de aplicativo, caminhoneiros, motoristas de transporte escolar, comerciantes de pequenos restaurantes.

O que se fez com a Petrobras, nos governos Temer e Bolsonaro, foi destruir seu papel de empresa pública. Eles quebraram a principal promessa feita ao povo brasileiro para construir a Petrobras: a de que o petróleo é nosso.

A empresa foi usada, sob as ordens de Temer e Bolsonaro, para sugar como um vampiro o pescoço do povo brasileiro, para engordar um reduzido número de acionistas cujos dividendos são isentos de impostos – uma aberração que poucos países no mundo se dão ao luxo de tolerar.

A Petrobrás tem tudo para ser uma empresa lucrativa sem que isso seja feito empobrecendo ainda mais a população. Mas não foi o que aconteceu. O que fizeram foi transformá-la em uma mina de ouro para atrair a cobiça de empresas estrangeiras e alguns grandes grupos nacionais. A empresa teve uma política entreguista de desinvestimento e desmonte, com venda de subsidiárias e refinarias.

Em troca, as pessoas que dependem de transporte coletivo e individual e que usam derivados de petróleo para a sua vida diária veem a empresa colocar o pé no acelerador de uma inflação de dois dígitos e de um desemprego que não vai baixar enquanto seus empreendimentos não se tornarem viáveis novamente.

A Petrobras é não só um patrimônio público construído com a contribuição de todas as brasileiras e todos os brasileiros, com impostos e pagando diariamente por seus produtos.

Ela é essencial à soberania nacional, para evitar que fiquemos reféns de oscilações internacionais, sem qualquer salvaguarda. Sem contar seu papel no desenvolvimento do país, pelo impacto da cadeia produtiva do petróleo e gás em várias atividades e empresas que se beneficiavam de sua expansão.

A Petrobrás investe em cultura, ciência e tecnologia, educação e meio ambiente. Ela é muito mais que apenas uma petroleira.

Privatizar a Petrobras não é apenas uma ideia estapafúrdia. É uma grave ameaça. A melhor e mais rápida solução que temos para o problema é, em 2 de outubro, votarmos pela privatização, mas não da Petrobras, e sim de Bolsonaro, de Paulo Guedes e de seu pupilo, que virou ministro de Minas e Energia apenas para cumprir a função de mestre de cerimônias de um espetáculo lesa-pátria, patético e com toda a pinta de conluio com grupos privados inescrupulosos. Tudo isso sob a batuta do Centrão, que comanda a Presidência da República e as presidências da Câmara e do Senado.

Na prática, é para eles que esse governo trabalha, e não para o povo brasileiro. E, se fizer arminha, o que é ruim vai piorar.

 

Roseli Faria é economista, vice-presidente da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento, Assecor, e da coordenação executiva da Coalizão “Direitos Valem Mais”.
Max Maciel é pedagogo e mobilizador social.


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