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1° DE MAIO

Dia do Trabalhador surgiu com luta por redução de jornada de trabalho nos Estados Unidos

01 de maio de 2022 - 00h11

Tempos ásperos, sempre ásperos

 

Por José Luiz Del Roio

O 1° de maio de 2022 decorre, mais uma vez, envolvido em uma dura luta de classes. A ofensiva do grande capital, aliada a forças fascistas que envenenam a sociedade brasileira, tem dado como resultado, que mais da metade da população esteja mergulhada na miséria.

No decorrer da história brasileira, com uma sociedade marcada pelo racismo estrutural, resultado de mais de três séculos de escravidão, sucessões de golpes, pressões do imperialismo e um capitalismo selvagem e entreguista, a resistência dos trabalhadores tem sido heroica e muito difícil.

Talvez seja útil recordar mais uma vez como surgiu a comemoração, hoje universal, desta data, mesmo que com acenos muito rápidos.

A revolução industrial que se desenvolveu em alguns países na metade do século 19 trouxe em seu bojo a exploração ilimitada da mão de obra fabril.

Os horários de trabalho para homens, mulheres e crianças eram infernais. Ia de 14 a 16 horas diárias em condições totalmente insalubres.

Na cidade de Chicago, polo industrial dos Estados Unidos, um núcleo de líderes proletários de tendência anarcossindicalista decidiu iniciar um movimento pelas oito horas, como limite da jornada de labuta.

No dia primeiro de maio de 1886 realizaram uma festiva manifestação, com muitas crianças, para levar as suas reivindicações concentradas nas oito horas diárias.

A repressão foi implacável, dezenas de mortos e inúmeros presos. Seus lideres foram condenados e seis deles enforcados no dia 11 de novembro do mesmo ano. O movimento foi esmagado.

Três anos depois, em julho de 1889, realizou-se o Congresso da Internacional Socialista, para celebrar o centenário da grande Revolução Francesa.

Um delegado da Bélgica propôs que no dia primeiro de maio de 1890 fosse feita uma manifestação internacional para recordar os mártires de Chicago e pelear pelas oito horas de labuta.

Foi um grande sucesso. Em muitos países se realizaram manifestações e greves. A data se impôs, e cresceu a cada ano, com confrontos, prisões e mortes.

Em 1918, a jovem revolução soviética, liderada por Lenin, declarou esta efeméride como feriado.

Lentamente outros países foram aceitando este fato, e foi se transformando em uma data internacional.

A sua essência foi sempre reafirmada pelo movimento operário internacional, como sendo um dia de luta pelo que falta conquistar, de luto pelos que tombaram nos combates proletários e de festa pelas conquistas alcançadas.

No Brasil, como era de se esperar, o caminho foi muito áspero. Todas as tentativas de celebrar a data foram reprimidas, com encarceramentos, deportação para áreas amazônicas e expulsão de ativistas estrangeiros do país.

Considera-se que a primeira manifestação pacífica foi realizada na cidade de Santos, em 1895, no interior da sede do Circulo Socialista, liderado pelo médico marxista Silvério Fontes.

O movimento cresceu ano a ano, um número enorme de jornais dos trabalhadores era publicado nesta data e espalhados por todo o território nacional, fazendo brotar atos de resistência nos mais distantes rincões.

Em 26 de novembro de 1924, um decreto presidencial de Artur Bernardes determinava: “É considerado feriado nacional o dia 1° de maio, consagrado a confraternização universal das classes operárias e à comemoração dos mártires do trabalho; revogadas as disposições em contrário”.

Foi uma vitória, sem dúvida, mas o caminho continuou difícil, com manipulações, engodos e frequente repressão.

Este ano, mais do que nunca, deve ser um dia de festa, mas também de memória dos nossos mártires e sobretudo de luta.

Será preciso muita luta nas semanas que se seguem. Os trabalhadores brasileiros devem resistir à ameaça de mais um golpe de caráter fascista.

 

José Luiz Del Roio é ex-senador da Itália, ex-membro da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, em Estrasburgo,  ex-membro da União Europeia Ocidental, em Paris e coordenador do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça de São Paulo.


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