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DITADURA NUNCA MAIS

Atos descomemoram 60 anos do golpe em frente aos antigos Dops de SP e do Rio; GTNM-RJ entrega medalha Chico Mendes

Detalhe da fachada do prédio do Dops no Rio de Janeiro, onde Olga Benário esteve presa antes de ser deportada para a Alemanha nazista Foto: Tania Rego/Agência Brasil

31 de março de 2024 - 00h24

Por Lúcia Rodrigues

Duas manifestações para descomemorar os 60 anos do golpe militar ocorrem, nesta segunda, 1°, em frente aos prédios onde funcionaram os Dops, em São Paulo e no Rio de Janeiro, centros de tortura de presos políticos durante a ditadura.

Na capital paulista, às 17h, o protesto puxado pelo Cordão da Mentira, capitaneado por coletivos de cultura e movimentos sociais, como o Movimento Mães de Maio, inicia o desfile-escracho em frente ao prédio da antiga Faculdade de Filosofia da USP, na rua Maria Antonia, 294, na Vila Buarque, no centro.

O local foi escolhido por ser um marco da resistência à ditadura militar. Em outubro de 1968, o CCC (Comando de Caça aos Comunistas) atacou estudantes e professores da USP e incendiou o prédio, obrigando a transferência de todos os cursos para a Cidade Universitária, no Butantã, na zona oeste.

Dali, os ativistas saem em passeata e percorrem ruas e avenidas do centro até o Largo General Osório, 66, na região da Santa Ifigênia, onde está o prédio que sediava o Dops paulista e hoje abriga o Memorial da Resistência, em homenagem às vítimas da ditadura militar.

Este ano, além do golpe militar, o Cordão da Mentira também irá protestar contra a tentativa de golpe de 8 de janeiro, a matança praticada pela Polícia Militar nas periferias e o genocídio do povo palestino cometido por Israel.

O padre Julio Lancellotti, a jornalista e ex-presa política Rose Nogueira, a fundadora do Movimento Mães de Maio, Débora Silva, e o ativista do Movimento Negro Unificado Milton Barbosa serão homenageados pelo Cordão da Mentira.

Tortura Nunca Mais

No Rio, a partir das 15h, ativistas de direitos humanos, liderados pelo GTNM (Grupo Tortura Nunca Mais),  protestam em frente ao prédio do Dops carioca, localizado na rua da Relação, esquina com a rua dos Inválidos, na Lapa, no centro da cidade.

“O Dops é um lugar emblemático. Foi ali que Olga Benário esteve presa, antes de ser enviada para os nazistas”, frisa Victória Grabois, dirigente do Tortura Nunca Mais e que teve o pai, o irmão e o companheiro, guerrilheiros do Araguaia, assassinados pela repressão.

Além do repúdio ao golpe militar, os manifestantes também querem chamar atenção para luta pela transformação do prédio em um centro de memória.

Victória conta que essa luta já se arrasta por 10 anos, sem que tenham conseguido obter avanços significativos. “Continuamos lutando para que esse prédio seja um espaço de memória”, enfatiza.

A preservação da memória dos que lutam ou que tombaram em defesa dos direitos humanos é reconhecida pelo GTNM-RJ.

Há 36 anos, o Grupo entrega a Medalha Chico Mendes a quem se destaca nesse setor.

Ela explica que a Medalha surgiu em contraposição à Medalha do Pacificador, concedida pelo Exército.

“Nós entregamos (a Medalha) para pessoas e entidades que lutam pelos direitos humanos, os militares homenageavam golpistas, torturadores, genocidas.”

Este ano, o Tortura Nunca Mais homenageia o BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) e Pare o Muro, entidades de defesa dos palestinos, o Histórias Desobedientes, coletivo argentino que reúne filhos e familiares de repressores da ditadura militar, o ex-governador Leonel Brizola, o ex-preso político assassinado pela ditadura Norberto Nehring, entre outros.

A homenagem está agendada para as 18h, no auditório da Faculdade Nacional de Direito, localizada na rua Moncorvo Filho, 8, no centro.


Comentários

Laura Petit da Silva

31/03/2024 - 07h46

Lembrar é Resistir!
Transformar os locais de repressão da ditadura em Marcos de Memória!!!
Para que não se esqueça e Numca mais Aconteça!

LUIZ ORLANDO MIRAGLIA

31/03/2024 - 12h47

A História da ditadura empresarial-militar tem que estar sempre nos currículos escolares. Só assim a juventude saberá resistir a qualquer tentativa de uma nova ditadura.

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