Apoie o holofote!
Busca Menu

ELEIÇÃO

Conduzir programa de Lula ao centro pode contribuir para derrota eleitoral, alerta médico

Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil

19 de abril de 2022 - 12h52

Inflação em alta, desemprego, baixos salários, precarização do trabalho, 660 mil mortos pela pandemia Tem Responsável: chama-se Jair Messias Bolsonaro

 

Por Ubiratan de Paula Santos

O presidente da República, Jair Bolsonaro, opera uma bem sucedida campanha para continuar a ser visto pela população que o elegeu em 2018 e outros, que tenta atrair para recuperar a perda de popularidade, que perceberam as agruras do seu desgoverno, a farsa montada a serviço das elites.

Uma campanha para continuar (apesar de suas alianças, que antes criticava, e das falcatruas diárias de seu entorno familiar e do grupo de assalto que organizou ao poder) a ser visto como o rebelde antissistema, o que quer fazer as coisas, mas o chamado establishment não deixa.

Arrocha a vida dos caminhoneiros e ao mesmo tempo fala contra os aumentos abusivos praticados pela Petrobrás, e contra a inflação, contra o desemprego, contra os juros altos, contra o mau atendimento no INSS, como seu não fosse ele o dono da caneta que nomeia e demite os responsáveis por todas essas políticas em curso no país.

O presidente candidato goza de maior apoio entre os mais ricos, onde seu discurso da antipolítica aliado à pratica do neoliberalismo, caracterizada pela progressiva redução de direitos, pelos baixos salários, pela concentração de renda e de bens e a piora de vida do povo têm mais eco, pois esses setores se lixam, desde sempre, para a questão democrática, são os seus privilégios a contar mais alto.

Equivocam-se os que perdem tempo com manifestações, sem povo, sob o lema Fora Bolsonaro. Nosso trabalho e ação deve procurar esclarecer, dar voz e mover o povo, para que nas eleições de outubro Bolsonaro e seu projeto político, econômico e de país tenham uma derrota substantiva.

O quilo do tomate a R$14,00, tem responsável: Jair Bolsonaro

Os preços do álcool, da gasolina e do diesel nas alturas têm responsável, chama-se Jair Bolsonaro

O preço do botijão do gás, que ultrapassa R$100,00, tem responsável, chama-se Jair Bolsonaro.

E o vale gás, recém aprovado, foi por iniciativa do deputado Carlos Zarattini, do PT, e não de Bolsonaro, assim como os R$600 do auxílio emergencial no primeiro ano da pandemia, o dobro do que queria Bolsonaro, foi de iniciativa da oposição.

A inflação que come o salário do trabalhador, que a cada semana compra menos, tem causa. Responde pelo nome de Jair Bolsonaro

O quilo da carne, do arroz e do feijão caros, num país com o maior rebanho do mundo, com vastas terras para plantar, tem a assinatura responsável de Jair Bolsonaro

Meio quilo de café custar R$18 no país que é o principal produtor mundial, tem responsável e chama-se Jair Bolsonaro

Os mais de 30 milhões de brasileiros contaminados e os mais de 660 mil mortos pela Covid-19 têm  responsável: Jair Messias Bolsonaro.

Equivocam-se os que se orientam pelo bom mocismo de amaciar o programa, as demandas do povo, como a enganar as classes dominantes; essas retiram as meias sem tirar os sapatos.

Assim, é preciso deixar claro o que queremos e de que lado estamos, que o bloco de forças antissistema somos nós, mas para isso não basta bater no peito, é preciso afirmar que:

Vamos fortalecer o SUS público e gratuito para oferecer cuidados na saúde de qualidade e acessível a todos, para isso vamos investir para dobrar os recursos para a saúde pública, para o SUS.

Vamos tomar medidas para gerar emprego acessível para todos, com a formalização do trabalho, com direitos que garantam uma vida digna e uma velhice com amparo;

Que os jovens vão ter acesso à educação sem ter que pagar e que podem e devem sonhar com um futuro melhor do o que lhes estamos dando até o momento;

Que não aceitamos o conluio dos ricaços, dos bilionários com Jair Bolsonaro, para manter os juros nas alturas, num país onde a inflação nada tem a ver com excesso de demanda.

O povo está comprando menos e não mais, assim não “compramos” essa política que Bolsonaro implantou na economia e no Banco Central;

Vamos fortalecer a agricultura que produz a comida para os brasileiros e pode ajudar a alimentar o mundo;

Vamos praticar outra política na Petrobrás, onde seus acionistas privados não enriqueçam à custa da piora da vida da população;

Temos compromissos com os direitos do povo, contra a violência, pela igualdade de direitos de todos, independente de raça e gênero.

Nossa política de ampla aliança deve ser fincada em compromissos firmes, inadiáveis para acabar com a vida miserável dos pobres, dar-lhes dignidade, orgulho, para que levantem a cabeça; com o futuro dos jovens que se constrói no presente, com os cuidados imediatos aos velhos e às famílias.

Não devemos ceder ao imediatismo que nos confunde, que nos iguala na vala comum, que vem estimulando no mundo todo e no Brasil, a antipolítica a serviço das classes dominantes.

Aceitar o pranteado de proeminentes dirigentes de partidos aliados, como expresso nesta terça-feira, 19, no jornal Valor Econômico, em que se afirma que o programa deve ir para o centro, refletindo a composição com o vice, é contribuir para a derrota, não apenas eleitoral, mas como projeto de mudança que o país precisa para atender a população.

É preciso compreender que a democracia com esvaziamento progressivo de sua substância (emprego, salário, meios de locomoção para o trabalho, moradia adequada, escola e saúde acessíveis e boas, além de acesso a ter e se manifestar culturalmente), como vem ocorrendo no mundo e por aqui ainda mais, tem levado as massas, o povo à sua desvalorização.

Aceitar os limites da democracia liberal, cada vez mais constrita, como o faz intelectuais com vida ganha, que se desfazem de ideias e de programas para derrotar Bolsonaro é uma limitação posta de entrada, que nos levará na melhor das hipóteses a participar do velho pacto das elites, de que “tudo deve mudar, para que tudo fique como está”, como o bem expressou Giuseppe Tomasi di Lampedusa, tema tão caro nos estudos de Antonio Gramsci.

É bom fazermos uma boa leitura do e como foi o segundo turno das eleições no Chile e como Mélenchon quase foi ao segundo turno na França, com os rumos escolhidos para suas campanhas.

É preciso mais pão pão e queijo queijo. Se temos sido incapazes de construir mais força política e enraizamento social para melhor sermos representados em candidaturas em vários Estados e, se assim fosse, poderíamos também ter tido melhor solução para compor a chapa de Lula, façamos do processo eleitoral um momento de luta, de gastar sapato, voz e energia para juntos construirmos outro caminho para o país e seu povo.

Não há possibilidade de esperarmos milagres do “Príncipe”, não estamos no momento dos Médici ou de Luiz XIV, agora temos campeando os Elon Musk, Bezos, Zuckerberg, o Véio “Armani” da Havan.

Basta de umbiguismo, de perdemos tempo com fatos decididos, a hora é agora, saiamos às ruas, organizemos reuniões aos domingos nas praças, cada um com suas cadeirinhas e bancos em abertas reuniões assembleias para disputar nosso programa junto ao povo. À luta.

 

Ubiratan de Paula Santos é médico e professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).


Comentários

Helia Ferreira

20/04/2022 - 11h19

Ótimo comentário e isto precisamos ir a luta!!-#

Deixe seu comentário

Outras matérias