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VIDA DE RESISTÊNCIA

Morre militar braço direito de Lamarca na luta armada; companheiros lamentam

Darcy Rodrigues ao lado de José Lavechia após serem capturados e torturados pelo Exército no Vale do Ribeira, em SP

20 de maio de 2022 - 20h11

Por Lúcia Rodrigues

A luta pela democracia perdeu um bravo combatente. Darcy Rodrigues morreu aos 80 anos, na manhã desta sexta-feira, 20, em Bauru, no interior do Estado de São Paulo.

Em 1964, o então sargento do Exército (conquistaria a patente de capitão ao ingressar com pedido de reparação na Comissão de Anistia) foi um dos militares que se insurgiu contra o golpe. Chegou a ficar preso três meses em um navio, em Santos, no litoral paulista.

Anos depois, se tornaria braço direito do capitão Carlos Lamarca, comandante da VPR, a Vanguarda Popular Revolucionária.

E em 1969 deixariam o Quartel do Exército de Quitaúna, em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, para ingressarem na luta armada.

Esteve com Lamarca na guerrilha do Vale do Ribeira. Em 1970, foi capturado pelos militares e brutamente torturado. Conseguiu sair da prisão e partir para Cuba, após o sequestro do embaixador alemão.

“Foi trocado com mais 39 presos e quatro crianças. Mas continuou a luta revolucionária em Cuba, onde morou muitos anos, sempre solidário com os que ficaram aqui”, recorda Ivan Seixas, ex-preso político e amigo de Darcy.

“Foi um grande revolucionário. Era uma pessoa extremamente gentil e solidária com companheiros e companheiras e pessoas do povo que ele nem conhecia, sempre  na luta em defesa da libertação do povo brasileiro. Uma grande perda”, completa Ivan, que também participou da guerrilha, combatendo pelo MRT (Movimento Revolucionário Tiradentes).

Quem também tem boas recordações de Darcy é o ex-presidente da Comissão Estadual da Verdade de São Paulo, o ex-deputado petista Adriano Diogo.

“Darcy era uma pessoa muito especial. Sofreu muito nas mãos da ditadura, antes de ir para Cuba. Viveu um tempão lá. Foi amigo do Fidel. Quando voltou ao Brasil ajudou a construir o PT em Bauru, chegou a sair candidato a deputado, Era extremamente humilde, uma grande perda sua morte.”

Adriano também relembra a altivez com que Darcy se comportou durante seu depoimento na Comissão da Verdade.

“Foi uma declaração extremamente corajosa. Vários militares tentaram impedir seu depoimento, diziam que ele era um dos responsáveis pela morte daquele militar no Vale do Ribeira. Ele não se intimidou e disse que ali não tinha ninguém mais patriota do que ele. Me lembro como se fosse hoje.”

Samuel Iavelberg, irmão de Iara Iavelberg, foi companheiro de organização de Darcy. Apesar de não ter convivido diretamente com ele nas ações da VPR, recorda do carinho que Darcy tinha por sua irmã.

“Eles se davam muito bem, ele a respeitava muito. Dizia que gostava muito da Iara  e que ela tinha influenciado muito na formação política do Lamarca. Lamentou quando ela teve um problema de saúde e teve de se retirar do Vale do Ribeira. Fiquei muito triste. Era um grande revolucionário”, frisa Samuel


Comentários

LIZETE TELES DE MENEZES

20/05/2022 - 23h40

Meus sentimentos pela partida de
nosso companheiro. Aqueles que pegaram em armas em defesa de nosso povo são os verdadeiros heróis de nosso País. Camarada Darcy, Presente!!!!

Yuri Rodrigues

21/05/2022 - 02h48

Lucia, Em nome de nossa família, agradecemos as palavras, Sgt Darcy, Presente!

    admin

    21/05/2022 - 03h59

    Yuri, eu é que agradeço ao Darcy Rodrigues, por ter lutado por um país melhor para nós. Receba um forte e afetuoso abraço e o estenda a toda a família. Darcy Rodrigues, presente!

Renata Guerra

21/05/2022 - 07h40

Adeus companheiro Darcy, último integrante vivo do bravo “quarteto de Quitaúna”, integrado também por Carlos Lamarca, José Mariani e Carlos Roberto Zanirato. Foi ele quem me recebeu em sua casa no Quarto RI quando procurei Lamarca para convidá-lo a se juntar à VPR, então em formação (1968). Só ele sobreviveu à tortura que matou os dois meninos, e escapou ao assassinato a sangue frio que levou o capitão. Darcy Rodrigues, presente sempre na memória dos que lutaram por seu povo.

Jair Muniz de Oliveira

22/05/2022 - 08h31

Lembro da época que o capitão passou pelo vale, qdo no exército e. Exercício, é após ter saído, vi um preso pelo exército que trouxeram na escola de elecoptero no bairro Ribeirão da Serra sete barras sp todo barbudo e maltratado, ainda tenho uma bala de fuzil descarregada mas o cartucho com a bala de recordação, esse cartucho era do exército que se acamparam perto da minha casa.

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