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FORA COLLOR

1992: o ano em que estudantes lideraram derrubada do presidente da República

14 de julho de 2022 - 10h25

Por Lúcia Rodrigues

Leio em um portal da velha mídia que hoje faz 30 anos que a minissérie Anos Rebeldes começou a ser exibida pela TV Globo.

Para quem não sabe do que se trata, a série dividida em 20 capítulos, que ia ao ar após às 22 horas, abordou a repressão militar contra ativistas políticos durante os Anos de Chumbo.

Não mostrou a feroz violência praticada pelos verdugos da ditadura militar, mas o pouco que apresentou produziu um impacto significativo nos jovens daquela geração.

De uma maneira geral, a população desconhecia o que tinha ocorrido sob a égide do arbítrio imposto pelos generais durante mais de duas décadas.

Paralelamente, o movimento estudantil em 1992 começava a inflexionar a pauta de lutas concentradas em ações intramuros da universidade, no rechaço aos desmandos das reitorias, para uma agenda pela derrubada do então presidente Fernando Collor.

No Congresso da UNE que ocorreu no final de maio, início de junho, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, e elegeu o estudante de Medicina da Universidade Federal da Paraíba Lindbergh Farias para a presidência da entidade, o plenário aprovaria como bandeira principal do congresso o Fora Collor.

A posse da diretoria da UNE viria na primeira quinzena de julho, durante a reunião anual da SBPC, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que naquele ano ocorria em uma USP que pulsava por radicalidade na transformação do país.

Antes disso, dias após o termino do Congresso da UNE, em 7 de junho, um domingo, seria realizado um ato na Praça da Sé, no centro da capital paulista, pela saída de Collor, em que Lindbergh já se destacaria como protagonista.

A primeira passeata com o mesmo objetivo ocorreria em 11 de agosto, Dia do Estudante. O trajeto partiu da avenida Paulista e teve como destino final o Largo São Francisco, em frente à Faculdade de Direito da USP. Foi o pontapé inicial dos protestos de rua que culminariam na derrocada de Collor da Presidência.

Mas foi a mega passeata do dia 18 de agosto que inundaria as ruas de São Paulo em um mar de gente, formado principalmente por estudantes secundaristas, embora os universitários também estivessem muito bem representados.

Quando cheguei à Paulista no dia 18, vinda do campus Butantã, estava acompanhada por um colega que hoje é professor da Unifesp e que à época tinha passado comigo em inúmeras salas de aula convocando os estudantes pela derrubada de Collor.

Quando vimos a magnitude do volume de pessoas que haviam comparecido à manifestação, um olhou para a cara do outro e pensou em um misto de estupefação e alegria: nosso poder de convencimento foi forte hehehe.

Ainda viriam mais duas passeatas gigantes, uma no dia 25 de agosto e outra em setembro, quando Collor foi apeado do cargo em votação na Câmara dos Deputados.

A lição que fica daquele ano é que a organização da população é fundamental para promover mudanças no país.

 

 

 


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