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DIRIGENTE DA ALN

Comandante Toledo, braço direito de Marighella, foi trucidado pela ditadura militar há 52 anos

O jornalista e dirigente da ALN (Ação Libertadora Nacional), Joaquim Câmara Ferreira, o comandante Toledo

23 de outubro de 2022 - 09h32

Por Lúcia Rodrigues

A história de Joaquim Câmara Ferreira, o comandante Toledo da ALN, foi esculpida nas lutas e batalhas travadas desde os 20 anos de idade, quando ingressou no Partido Comunista, até ser morto sob tortura aos 57, em 23 de outubro de 1970, no sítio clandestino 31 de Março durante uma sessão de suplícios imposta por algozes comandados pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, então chefe do Dops, um dos centros da repressão mais temidos.

O jornalista Câmara Ferreira já havia resistido com valentia as brutais torturas da polícia política da ditadura Vargas, quando dirigia o jornal do Partido Comunista. Foi inclusive homenageado pelo sindicato paulista da categoria em 2013, quando completaria 100 anos de idade.

A entidade fez sua refiliação simbólica aos quadros da organização sindical e entregou à família do comandante Toledo, a cópia de sua ficha original de sindicalização com o número 432, que ele tinha recebido quando se associou ao Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo.

Câmara Ferreira havia perdido o vínculo com a entidade em 1969, quando os militares radicalizaram a repressão contra as lideranças da esquerda armada.

Em 1967, o dirigente havia rompido com o PCB (Partido Comunista Brasileiro) junto com Marighella, devido à linha política da legenda descartar o enfrentamento aos militares golpistas.

Fundaram a ALN, a Ação Libertadora Nacional, principal organização revolucionária no combate à ditadura militar durante os Anos de Chumbo.

Homem dos bastidores, fazia uma dupla perfeita com Marighella, o rosto público da ALN. Mas o protagonismo na organização da luta atraiu para si o ódio dos militares.

Foi ele quem deu o aval para a ação conjunta da ALN com o MR-8, que capturou o embaixador estadunidense, Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969.

Ao lado de Virgílio Gomes da Silva e Manoel Cyrillo de Oliveira Netto, comandantes da ação de captura e companheiros de ALN, permaneceu junto com os guerrilheiros na casa em que o embaixador foi mantido até que os 15 presos políticos exigidos para a troca do diplomata fossem libertados e enviados para o México.

Seria executado pelos verdugos da ditadura, menos de um ano após a emboscada montada contra Carlos Marighella por Fleury.

Seu legado de vida devotada à ação política na defesa dos trabalhadores virou dissertação de mestrado, transformada em livro publicado pela editora da UFRJ, a Universidade Federal do Rio de Janeiro em 2010, ano em que se completaram 40 anos de seu assassinato.

Nesse mesmo ano, o governo brasileiro, então presidido por Luiz Inácio Lula da Silva, também concedeu anistia póstuma ao dirigente da ALN.

O livro Revolucionário da Convicção, do historiador Luiz Henrique de Castro Silva, também forneceu  dados importantes para solidificar o embasamento da decisão da Comissão de Anistia, que reconheceu que ele não havia cometido nenhum crime e pediu perdão em nome do governo brasileiro à sua família.

Também em 2010, familiares de Câmara Ferreira, que era paulista de Jabotical, interior do Estado, receberam o título de Cidadão Paulistano concedido pela Câmara Municipal de São Paulo ao dirigente da ALN in memorian.

Joaquim Câmara Ferreira também dá nome a uma rua em Brasilândia, uma das regiões mais pobres da capital paulista. Certamente, estaria feliz por ver seu nome estampado nas placas de um logradouro onde vivem os pobres pelos quais tanto lutou.

 

 

 


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