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ASAS CORTADAS

De déspota na magistratura, Moro é rebaixado a soldado da direita na corrida à Presidência, afirma historiador

02 de abril de 2022 - 14h48

Moro não morreu, apenas encolheu

 

Por Antonio Lassance 

Quer entender o zigue-zague de Sérgio Moro em sua pretensa quase candidatura presidencial? Eu explico.

Moro quis dar um golpe, o enésimo de sua meteórica carreira política.

Ele trocou o Podemos pelo União Brasil, partido que, como se sabe, é herdeiro do PSL de Bolsonaro, junto com o Democratas, e que tem muito mais dinheiro e estrutura que o Podemos.

Em seguida, tentou forçar a barra da candidatura à Presidência. Achou que seria carregado nos braços da torcida de seus 11, 10, 9, 8% de intenções de voto, conforme a contagem regressiva das pesquisas tem mostrado.

Na torre de marfim em que sempre se acostumou a viver, Moro pôs-se a sonhar. Achou que haveria alguma mobilização irresistível embalada pelo comentarismo midiático de antanho, que sempre foi seu cão fiel.

Só que o União Brasil tem acordos regionais de candidatura muito mais importantes do que a candidatura Moro.

Resultado: Moro acabou pagando mico nacionalmente. Uma nota oficial do União Brasil deixou claro que, no reino da malandragem, ele é soldado, e não general. Entra pela porta dos fundos e deve se contentar com isso, por enquanto.

Moro se acostumou a fazer política com os holofotes todos virados para si. Desde os tempos de juiz , seu “modus operandi” consiste em intimidar partidos e suas lideranças, impondo seu despotismo mal esclarecido com um forte apoio midiático para gerar efeito manada na opinião pública.

Só que esse esquema ficou óbvio demais desde que ele saiu de sua redoma na magistratura, assumiu o papel de cabo eleitoral de Bolsonaro, tornou-se seu subalterno e teve sua escandalosa atuação na Lava-Jato revelada pelas mensagens vazadas por um herói chamado Walter Delgatti Neto.

Moro também já não pode mais contar com a tropa de choque do MBL, aqueles que são difíceis porque são tóxicos.

O vidrinho de sua poção mágica está definitivamente vazio.

E agora, Mané?

 

Antonio Lassance é historiador e doutor em ciência política.


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